terça-feira, 2 de junho de 2009

“Fazer públicos é ensinar as linguagens de expressão artística”


Miguel Pedro Antunes Guimarães, mais conhecido por Miguel Pedro, nasceu em Braga, em 16 de Setembro de 1965. Apesar de ser licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e, posteriormente, em Filosofia, pela Universidade Católica Portuguesa, foi na música que Miguel Pedro revelou o seu talento.
Em 1984, ao lado de Adolfo Luxúria Canibal e Joaquim Pinto, Miguel fundou os Mão Morta, banda de rock portuguesa que dura até aos dias de hoje. Com 25 anos de existência, esta banda, conhecida por ser irreverente, conta com êxitos como “Budapeste”, “Anarquista Duval”, “Em directo (para a televisão) ou “Cão da Morte". Em 2000, os Mão Morta foram distinguidos com o prémio carreira pela revista de música Blitz.
Para além desta banda, Miguel Pedro esteve na origem de diversas outras bandas independentes portuguesas como os Bateau Lavoir, Humpty Dumpty, Auaufeiomau, Jazz Iguanas, Mundo Cão, Seis Graus de Separação, Governo entre outras. É ainda um dos fundadores da cooperativa IMETUA, uma Cooperativa Artística e Cultural, da qual faz parte a editora de música alternativa Cobra.
Paralelamente à actividade musical, Miguel Pedro é Director Municipal da Câmara Municipal de Braga desde 2000. Além disto, o músico fez parte do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, como Vice-Presidente e é, neste momento, Presidente da Assembleia Geral do Sporting Clube de Braga, Futebol SAD.

Tendo em conta a sua vida artística e o seu contacto directo com a música, o CulturArTe foi ouvir a opinião do músico em relação ao estado da cultura e dos espectáculos em Braga.

1- O que acha da cultura em Braga?
Braga sofre da síndroma de uma cidade média portuguesa: pouco dinheiro, pouca procura e, logo, pouca oferta de produtos artísticos, fraca disposição da população para o fenómeno cultural... Mas, nos últimos, tempos, nota-se alguma melhoria, fruto de algum crescimento populacional (a quantidade acaba por trazer alguma percentagem de qualidade, ainda que reduzida).

2- Como está Braga em relação a Lisboa e Porto?
Lisboa e Porto são os dois centros urbanos portugueses. Aí as coisas acontecem com mais frequência e a oferta de produtos culturais é melhor e mais variada. Mas estamos em Portugal, pelo que se compararmos Lisboa e Porto com Londres e Manchester ou Paris e Marselha ou Madrid e Barcelona, percebemos a dimensão das coisas em Portugal.

3- Há espectáculos que já não passam pelo Porto mas sim por Braga (Andrew Bird e Wilco, por exemplo), o que pensa disto?
É muito bom sinal, mas julgo ser conjuntural. Isto é, o Theatro Circo tem, de facto, um equipamento de som invejável e de grande qualidade, além de ser uma sala belíssima. Por isso, é apetecível para muitos artistas internacionais.

4- Na sua opinião, as pessoas aderem ou não aos espectáculos?
Não muito. Mas isso deve-se ao facto de haver pouco dinheiro, claro.

5- Ainda há muito a fazer?
Sim, claro. Mas tudo começa na educação. Fazer públicos é ensinar as linguagens das diversas formas de expressão artística. E isso começa nas idades mais tenras.

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